Refúgio de Baco
Que lugar é esse onde
vejo pessoas se procurando ou, ao contrário, querendo se desencontrar de si
próprias?
Que lugar é esse onde
surgem palavras, emoções e desejos, onde se expõem veias abertas e corações
partidos?
Que lugar é esse, santuário
de catarses, onde rir ou chorar é uma questão de tempo, obrigatória ou
inevitável?
Lugar onde nos vêm as
palavras, letras, canções, poesias e reminiscências mil, onde se deita e se
deleita o poeta;
Lugar de noite, de dia,
de sol e de lua, refúgio da mente, onde se chega vestida e em minutos já se
está nua;
Lugar para comer,
beber, dançar, despir-se de si mesma, onde de tudo se faz um pouco e, aos
poucos, se desfaz de tudo;
Aqui, se prescinde da
sobriedade, se abre mão da lógica, da coerência e da formalidade, porque aqui
tudo é volátil.
Assim é esse lugar, talvez
seja o refúgio de Baco.
Em homenagem à Lapa,
refúgio de poetas, escritores, sambistas e sonhadores.
Marllon Uaki Furtado