Miséria Humana
A guerra que assola um povo talvez seja pequena diante da miséria que reside
na alma das pessoas alheias e insensíveis ao sofrimento do outro que, ao seu
ver, é apenas um outro, portanto, um “não eu”, um “não meu”.
Essa noção de pertencimento faz com que nossa dor e compaixão muitas
vezes se restrinjam a nós mesmos, aos nossos familiares, amigos, conterrâneos
e, quando muito, aos que compartilham uma mesma língua ou nação.
Lamentável que território, nação, língua, cor, religião, etnia façam com que
sejamos tão sensíveis com uns e tão indiferentes para outros que não
compartilham conosco pelo menos uma dessas condições.
A condição de ser “humano”, para muitos, nada significa diante de tamanha
variedade no cardápio das classificações do homem. E são essas inúmeras
condições que usamos para acionar nosso coração, ativar nossos sentimentos, tocar
nossa alma e mover nossos olhares e ações para determinada pessoa ou grupo.
Tomara que consigamos ampliar nossas fronteiras para além dos rasos
limites que impusemos aos nossos corações e olhos, que muito pouco sentem ou
enxergam para os que estão além de determinadas fronteiras ou condições outras.
O senhor da guerra deve estar feliz com mais um capítulo da miséria
humana.
Em solidariedade às vitimas da guerra.
Marllon Uaki Furtado