segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A VISTA DE CHOPIN

A vista de Chopin



 O Sol, o bonde, o céu

A praia, o mar, o quartel



O Cristo, a pedra, a baía

O oceano, os pássaros, euforia



Entardecer, pôr do Sol, magia



Assim és tu

Charmosa de noite

Esplêndida de dia



Em poucas palavras

Volúpia, beleza rara

Encontro das águas

Atlântico, Guanabara



A ti te digo, Chopin:

Parabéns pela vista

Orgulho do carioca

Deslumbre do turista



Em homenagem aos encantos dos cantos desta cidade



                            Marllon Uaki Furtado

domingo, 20 de novembro de 2011

O VELHO DEITADO

O velho deitado
Já dizia o velho deitado
Quem espera sempre cansa
É por isso que me deitei
Esperando a esperança
Ou a chegada de um rei

Pouco mais de 300 anos
E então ele chegou
Trouxe toda sua família
E por aqui se instalou

Consegui ‘independência’
Com o suor de minha gente
Mas, vivo ainda na carência
De uma vida mais decente

Muita coisa tem mudado
Mas tem muito a acontecer
Continuo ainda prostrado
Com a esperança de crescer

Sou um velho muito novo
Comparando com os demais
Se sou gigante e um colosso
Então, mereço muito mais

Sou bonito, maravilhoso
Não precisa me convencer
Mas não quero ser charmoso
Meramente pra inglês ver

Se beleza não põe mesa
Não adianta o sabiá
Nem palmeiras de realeza
Só para ouvi-lo cantar

O velho aqui já está cansado
De ser eternamente o do futuro
Pois persiste muito o passado
Na esperança do que procuro

Estou querendo levantar
Não ficar mais só deitado
Pra ao meu povo então mostrar
Que ele tem de ser respeitado

E quando então me levantar
Mostrarei o que ainda não fiz
E todos vão se orgulhar
Da grandeza de um país

E não só para o estrangeiro
Porque isso não me importa
O meu foco é o brasileiro
Até hoje batendo à porta

E essa porta se abrirá
Mas, não num eterno amanhã
E este povo se orgulhará
De uma vida enfim cidadã

 Marllon Uaki Furtado

 Homenagem ao meu país, em 12/2009.







A ARMA

A arma


Carrego uma arma comigo
Que dela me sirvo à vontade
Seu nome agora não digo
Só vou revelá-lo mais tarde

Tem calibre muito poderoso
Mas que nunca matou ninguém
Seu uso é mais que gostoso
E assim tem nos feito tão bem

Uns fazem dela um ofício
Outros, sua bandeira de luta
Alguns não se importam com isso
Muito menos em sua conduta

A arma de que estou falando
Por nós deve ser sempre usada
E é por isso que sigo lutando
Pra que por todos seja alcançada

Que arma poderosa é essa
Com que tanto o poeta me intriga
Com toda essa sua conversa
Que quanto mais assim nos instiga?

Já já vou falar pra vocês
O que pra uns pode ser só entulho
Pra mim é sinal de honradez
E razão de muito orgulho

Já poderia lhe ter respondido
O motivo de tanto segredo
Na verdade nem está escondido
E sim misturado no enredo

E se você também anda armado
Sabe bem do que estou falando
As balas que tens disparado
A muitos já vem alvejando

Felizmente, sei que és bom de mira
E por isso bem sucedido
Pois os alvos em que tu atiras
Mudanças já nos têm trazido

Então, que assim prossigamos
Construindo uma nova nação
Pois aquilo por que tanto lutamos
Na verdade é a nossa missão

E assim nem preciso dizer
De que arma que estou falando
Pois já deu pra você perceber:
É a educação com que ando sonhando

E se um dia te apontarem essa arma
Não hesite em ser alvejado
Pois, seu efeito faz tão bem pra alma
E certamente se tornará seu legado

E depois de um tiro certeiro
Te asseguro, você vai se alegrar
E também virará um pistoleiro
Que dessa causa vai se orgulhar.

Espero que um dia troquemos
As armas de uso letal
Por essas que assim queremos
Para construir um mundo ideal

Não me importa que seja utopia
O que interessa é meu coração
Pois, é o que move a minha alegria
De persistir nessa árdua missão.

E mesmo quando meu dia chegar
E dessa terra tiver que partir
Ainda assim estarei a sonhar
Pois com ela tu irás prosseguir.


                        Marllon Uaki Furtado

sábado, 19 de novembro de 2011

SER OU NÃO SER

SER OU NÃO SER?
Monólogo de mim comigo

Desde cedo, uma pergunta costuma freqüentar nossas conversas com os adultos, que sempre dizem para a gente estudar para ser alguém na vida. E eles nos perguntam:

- O que você quer ser quando crescer? - Meus pais, amigos e parentes sempre insistem em querer saber. E assim me põem a pensar.

- E eu? O que acho de tudo isso? Sinceramente, não sei. E acho que nem posso saber, pois, se eu não sou, eu não sei. Para saber, tenho que primeiro ser. Ou será que o saber antecede o ser?

- Bom, o fato é que, se serei, ainda não sou, logo, o que seria então hoje este meu não ser, um devir que se consumará numa titulação ou numa posição social? Acho que é disso que eles estão falando.

- Ah, agora acho que entendi. Deve ser isso mesmo. Então, agora posso responder a essa pergunta que há tanto nos persegue.

- Quer saber? Não sei. Sinceramente, continuo não sabendo. Talvez se soubesse não teria graça alguma a vida, aquilo que lhe dá um certo tempero, pois deve ser muito chato a gente saber o futuro, né!?

- Afinal de contas, o que seria de nós se, por exemplo, soubéssemos que jamais conseguiríamos ser aquele tão famoso médico que imaginamos desde criança, ou aquele homem rico e influente na sociedade, e que na verdade não passaríamos de um mero anônimo trabalhador, pai de família da classe média baixa, que passou a vida na sua rotina sempre amargando o seu não ser, aquilo com que sempre sonhou e que até então não se concretizou!?

- Realmente, deve ser muito chato isso. Então, resolvi que a esta pergunta eu digo: passo.

- E assim, prefiro continuar a não querer saber sobre o ser ou não ser,
simplesmente sendo.

                                                         Marllon Uaki Furtado

HOMENAGEM AO MESTRE

HOMENAGEM AO MESTRE

Sou da turma da Unirio,
Do curso de Pedagogia
Que pra nossa alegria
Ganhou novo professor.

É de Língua Portuguesa
E também Literatura
E com sua desenvoltura,
Seus alunos conquistou.

Ele não é de tão longe
Daqui mesmo do Sudeste.
Mas, foi logo posto a teste
Da querência popular.

Em sua terra, falam TEATRO
Pra ele, porta é “póirta”
Mas, pra gente não importa
Sua maneira de falar.

O mestre é gente boa
E até meio engraçado.
Com seu jeito debochado,
Logo logo avisou:

“Sou da terra do trabalho
E, portanto, pontual”.
E com isso o pessoal
Ainda não se acostumou

Lá, horário é sério
E tem grande relevância.
Mas, pra gente é a tolerância
O que mais vamos gastar.

Trabalho tem sempre prazo,
Não se atreva a esquecer.
Mas, se um dia acontecer,
Vá com o mestre falar.

Nunca perca suas aulas
Porque vais se arrepender.
E se queres aprender,
Ouça o que vou falar:

Você deve chegar cedo,
Às dezoito já estar lá.
E não se atreva a atender
O bendito celular

Certamente gostarás,
Sua aula é irreverente.
Com seu jeito diferente
Você vai se acostumar.

A ele lhe falta algo
Que pode até constrangê-lo.
Mas, não é por falta de cabelo

Que deixaremos de gostar


Paulista é mesmo diferente
No começo, sempre estranha
Mas, logo pega a manha
Da maneira aqui de viver

Pra nós, atraso é normal
Prazo tem sempre chance
E o que mais estiver ao alcance
Sempre se pode fazer

Vou encerrando meus versos
Por mera questão de rima
Pois, se a letra não combina
Vou parecer distraído

Mas, antes vou lhe dizer
Mestre, muito obrigado
Por assim ter despertado
Um poeta adormecido.

Ao professor Alberto Roiphe, em 12/2009.

Marllon Uaki Furtado

A GUERRA DOS O_AMAS

A guerra dos O_amas

Vou te contar uma história
Parece até do Velho Oeste
Tem mocinho, tem bandido
Vê se aprende, não esquece

No duelo desses caras
O mocinho é poderoso
O bandido é meio maluco
Bem armado e perigoso

Essa briga já tem tempo
Começou há muito anos
Entre mundos diferentes
Mas na Terra dos humanos

O mocinho é popular
Mora aqui no Ocidente
O bandido, que é do mal
Se esconde no Oriente

O mocinho tem um nome
Que parece o do bandido
Mas não troque 2 letras
Pra que fique bem entendido

O bandido tem o ‘s’
De sanguinário, de sacana
O mocinho tem o ‘b’
De bonzinho (ah, me engana)

Mas tirando o ‘s’ ou o ‘b’
Veja bem o que que sobra
É mensagem do Divino
O contrário dessa droga

Ela diz que é pra amá-lo
Se contar ninguém acredita
Pois o ódio é o que impera
Nessa guerra bem maldita

Essa briga rende muito
A certo grupo interessou
Sem importar as conseqüências
Quantas vidas que ceifou

O bandido agora é morto
Essa Terra está melhor
É o que dizem o mocinho
E o povo ao seu redor

Mas será que é isso mesmo
E que a guerra acabou
Que o bem venceu o mal
E que tudo melhorou?

Eu não vejo bem assim
Vejo apenas uma herança
Que desta guerra nos restou
Somente ódio e arrogância

Pra quem acha que é o fim
Boa sorte na sua crença
Espero que esteja certo
Que a paz então a vença

Marllon Uaki Furtado

Pelo fim das guerras e da opressão entre os homens

BICHO GENTE

Bicho Gente

Eu conheço um certo bicho
Que é muito gente boa
Mas, seu dono é bicho solto
Não dá mole, não perdoa

Êta bichinho bravo
Nossa gente não merece
É um bicho que nem a gente
Mas, maltrata e entristece

Já tem bicho por aí
Que não quer ser de ninguém
Essa gente é tão malvada
Que nem bicho se sente bem

Seja gente ou seja bicho
Tem que ter certa emoção
Porque senão o bicho pega
E logo acaba a relação

Mas, que bicho engraçado
É esse tal de bicho homem
Estraga tudo em sua casinha
Suja tudo e só consome

E sua casa está acabando
A cada dia, a cada ano
Preservá-la é só uma idéia
Acredita? - Ledo engano

E é assim que segue o bicho
Pensa nisso, não esquece
Ele é o único com razão
Que mentira! Até parece!

         Marllon Uaki Furtado

PARTIDA RÁPIDA

Partida rápida


Estávamos no meio da partida
Quando algo terrível aconteceu
A morte nos aplicou um golpe
Justamente contra um irmão meu

Cezar, tu foste tão de repente
Que ainda não assimilei
Pois, parece que vou acordar
E me dar conta de que só sonhei

Porém, não tem sido bem assim
Pois, lá em casa, não foste mais
Não falaste mais comigo
Sua voz não ouvirei jamais

Se aqui fizeste muitos amigos
E deixaste dois filhos teus
Como pudeste partir assim
Sem ao menos dizer adeus?

Nascemos da mesma mãe
Crescemos no mesmo lar
E hoje é meu 1º aniversário
Em que não estás a me abraçar

Meu sorriso não é mais o mesmo
Levaste contigo parte de mim

Lágrimas deslizam em meu rosto

Porque tu partiste assim

Me ajude de onde estiveres
Para sarar meu coração
Guardar nele só as lembranças
De nossa vida de irmãos

Só assim trocarei as lágrimas
Pelas saudades fraternais
Devolverás o meu sorriso
Para então não sofrer mais

Nunca se sabe quando é o fim
A vida é mesmo uma partida
Essa contigo foi muito curta,
A mais rápida de minha vida

Por Daniela Lima Furtado, em homenagem à memória de Cezar Lima, em 11/05/2011. 

Marllon Uaki Furtado

UM MUNDO OUTRO

Um mundo outro

Se em poesia, se pode ser Outro
Por que não posso ser também?
Serei um velho, serei menino
Ou tudo aquilo que me convém

Para isso, esqueço tudo
Não sou daqui, nem sou de lá
Sou poeta sem compromisso
E posso de um tudo inventar

Não há casa, não há lógica
Não sou ele, não sou eu
Minhas histórias são bem livres
Sou Dionísio, sou Prometeu


Então, seja lá o que for
Não me cobre coerência
Leia apenas os meus versos
Sem padrão, sem referência
 
Navegando dessa forma
Fica bom, fica legal
Não me peça explicação
Se é mentira ou se é real

Dessa forma, eu crio mais
Pois não caibo mais em mim
Esse é o preço da poesia
É uma viagem sem ter fim


                           Marllon Uaki Furtado

O MUNDO LÁ FORA

O mundo lá fora

Existe um mundo lá fora
Faminto para te engolir
Alimenta sua alma agora
Para a ele não sucumbir

Seus valores, um paradoxo
Vale mais o que não tem valor
Aquilo que menos importa
De tudo, último, o amor

 Dinheiro é mais importante
Compra carro, compra gente
Compra a até a sua alma
Vê se pode, vê se entende

 Não basta ser um normal
Deve sempre ser o melhor
Mesmo com alma pequena
Mas que pena, mas que dó!

 É assim que está valendo
Ainda há muito a progredir
E sem medir as consequências
Suas regras vão seguir

 Temos homem milionário
Que ainda não se contenta
Se tem dez, quer ter quinhentos
Ser bilionário ainda tenta

Para alguns, esse é o projeto
Um desejo bem profundo
Nessa terra, ter de tudo
Ser o mais rico do mundo

Se com toda essa riqueza
Tu ainda queres mais
Pára um instante na sua vida
Olha um pouco para trás

O que vês é algo belo
Te alimenta, te seduz?
Então, toda essa ganância
É só o que te conduz?

Então, segue teu caminho
Só teu bolso é o que enriquece
Tua alma passa fome
Agoniza, estremece

E você, o que deseja?
Ser famoso, vaidade
Mil mulheres, muita grana
Ou a tal felicidade?

Mas, não peça só pra ti
Seja mais inteligente
Peça daquela coletiva
Que serve pra toda gente


Em homenagem aos valores mais ‘nobres’ de nossos mais ‘nobres’ homens.

Marllon Uaki Furtado

terça-feira, 15 de novembro de 2011

LÍNGUA (des) AFIADA

                                            Língua (des)afiada


Tenho uma língua muito afiada

Mas, cheia de regras e normas

Cheia de vontade própria



Não sei se mando nela

ou ela em mim



Posso eu desafiá-la? Afinal de contas, a língua é minha!

E se ela é minha, faço dela o que eu quiser, certo!?

Ou não?



Não sei. Quem saberá?

Às vezes, me pergunto:

- Por que me dominas assim?



Estou disposto a quebrar as algemas

Daqui pra frente serei livre

Mostrarei a ela quem manda no pedaço



Mas, o que diriam meus mestres,

meus filhos e amigos,

se um dia me permitir ousar?



Quer saber? Não me importa.

Minha língua sou eu

e eu sou assim, caótico.



Não sou sistema, nem pacote

Enciclopédia ou dicionário

Receita ou bula de remédio



Sou pessoas, sou culturas

sou cidade, sou sertão

não sou estático,

sou interação



Vou usá-la ao meu bel-prazer

Assim como me convier

Usá-la para o prazer da convivência



Deliciar-me-ei em suas profundezas

becos,esquinas, pontes e vielas

farei dela mocinho e bandido

de acordo com cada história



Usarei metáforas e eufemismos

alegoria e neologismo

ironia e pleonasmo

cada qual, um orgasmo



Assim, serei eu

Uma eterna festa de Baco

Me embriagarei com as palavras

Me afogarei em minha própria língua




                                                                                                                     Marllon Uaki Furtado