O dia nem bem amanhece
E na hora de que nunca esquece
Levanta o pobre João
Seus filhos ainda dormindo
E mesmo num pleno domingo
Sai à rua em busca do pão
Está sempre num baita sufoco
Buscando um mínimo conforto
De uma vida de cidadão
Todos sabem que é homem forte
E ainda que desprovido de sorte
Prossegue na luta o João
Pra mim, não existe mau tempo
Na chuva, no sol ou no vento
Sou cabra macho de montão
É assim que é meu pensamento
Pois, com fome eu não me contento
Afirma o grande João
Que belo exemplo de luta
Que nos revela essa sua conduta
Derrubando um touro à mão
É pau, é pedra, é cimento
Pois, as marcas do sofrimento
Se revelam nas mãos de João
Mas, o tempo é algo que urge
Quando enfim a velhice surge
Não há quem fuja dela não
Pra ele, não seria diferente
E como acontece com toda gente
Envelhece o nobre João
De uma coisa ele tem certeza
Mesmo com toda sua macheza
Só lhe resta a sua razão
O que antes era um herói
Pois, seu corpo agora é vilão
E num carro ao som de sirene
Se rende um corpo pereneSai de cena o velho João
É agora um corpo deitadoQue em vida não foi respeitado
Por um sistema sem compaixãoÉ assim que sempre acontece
Com aqueles de que ele esqueceRelegados a água e pão
Não espere algo diferenteDaquilo que sempre nos mente
Prometendo somente ilusãoMarllon Uaki Furtado
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