terça-feira, 15 de novembro de 2011

VIDA DE JOÃO

Vida de João

O dia nem bem amanhece
E na hora de que nunca esquece
Levanta o pobre João
Seus filhos ainda dormindo
E mesmo num pleno domingo
Sai à rua em busca do pão

Está sempre num baita sufoco
Buscando um mínimo conforto
De uma vida de cidadão
Todos sabem que é homem forte
E ainda que desprovido de sorte
Prossegue na luta o João

Pra mim, não existe mau tempo
Na chuva, no sol ou no vento
Sou cabra macho de montão
É assim que é meu pensamento
Pois, com fome eu não me contento
Afirma o grande João

Que belo exemplo de luta
Que nos revela essa sua conduta
Derrubando um touro à mão
É pau, é pedra, é cimento
Pois, as marcas do sofrimento
Se revelam nas mãos de João

Mas, o tempo é algo que urge
Quando enfim a velhice surge
Não há quem fuja dela não
Pra ele, não seria diferente
E como acontece com toda gente
Envelhece o nobre João

De uma coisa ele tem certeza
Mesmo com toda sua macheza
Só lhe resta a sua razão
O que antes era um herói
Hoje é o que lhe mais dói

Pois, seu corpo agora é vilão


E num carro ao som de sirene
Se rende um corpo perene

Sai de cena o velho João
É agora um corpo deitado

Que em vida não foi respeitado
Por um sistema sem compaixão



É assim que sempre acontece
Com aqueles de que ele esquece

Relegados a água e pão
Não espere algo diferente

Daquilo que sempre nos mente
Prometendo somente ilusão

                               Marllon Uaki Furtado

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