terça-feira, 15 de novembro de 2011

LÍNGUA (des) AFIADA

                                            Língua (des)afiada


Tenho uma língua muito afiada

Mas, cheia de regras e normas

Cheia de vontade própria



Não sei se mando nela

ou ela em mim



Posso eu desafiá-la? Afinal de contas, a língua é minha!

E se ela é minha, faço dela o que eu quiser, certo!?

Ou não?



Não sei. Quem saberá?

Às vezes, me pergunto:

- Por que me dominas assim?



Estou disposto a quebrar as algemas

Daqui pra frente serei livre

Mostrarei a ela quem manda no pedaço



Mas, o que diriam meus mestres,

meus filhos e amigos,

se um dia me permitir ousar?



Quer saber? Não me importa.

Minha língua sou eu

e eu sou assim, caótico.



Não sou sistema, nem pacote

Enciclopédia ou dicionário

Receita ou bula de remédio



Sou pessoas, sou culturas

sou cidade, sou sertão

não sou estático,

sou interação



Vou usá-la ao meu bel-prazer

Assim como me convier

Usá-la para o prazer da convivência



Deliciar-me-ei em suas profundezas

becos,esquinas, pontes e vielas

farei dela mocinho e bandido

de acordo com cada história



Usarei metáforas e eufemismos

alegoria e neologismo

ironia e pleonasmo

cada qual, um orgasmo



Assim, serei eu

Uma eterna festa de Baco

Me embriagarei com as palavras

Me afogarei em minha própria língua




                                                                                                                     Marllon Uaki Furtado   

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